Câmara Municipal de São Carlos

João Neves Carneiro documentou participação de São Carlos na Revolução de 1932

Na passagem dos 86 anos da Revolução Constitucionalista de 1932 merece registro a dedicação do saudoso jornalista, escritor e servidor da Câmara Municipal João Neves Carneiro (1904-1999) em documentar os acontecimentos do período no livro “São Carlos na Revolução Paulista”. Diretor da Secretaria da Prefeitura Municipal e auxiliar do então prefeito Antonio Militão de Lima, Carneiro relatou em minúcias o que aconteceu na cidade que foi invadida por tropas mineiras durante o confronto, quando a cidade enviou 11 contingentes de soldados às frentes de batalha e perdeu oito soldados: Luiz Röher, Alípio Benedito, Modesto SantAnna e Benedito da Silva (cujos restos mortais estão depositados na Praça dos Voluntários) e  José Cabral, Francisco Perotti, Henrique Junqueira Franco e Elydio Antonio Verona, sepultados em outras localidades.

João Neves Carneiro escreveu uma bela história na Imprensa e no serviço público de São Carlos ao longo de sua fecunda trajetória.

Nascido no dia 5 de agosto de 1904, em Prainha em Iguape (SP), no Vale do Ribeira, onde completou o curso secundário, ele trabalhou na propriedade agropastoril de sua família, na margem direita do rio Bananal, hoje Miracatu. Ainda em Prainha começou a escrever para o jornal de Iguape. Aos 21 anos, partiu para a capital onde foi trabalhar como secretário no Escritório Central da Companhia Telefônica Brasileira, onde ficou durante 3 anos.

FONTE FIDEDIGNA - Da capital, veio para São Carlos, em 25 de março de 1927. Seu primeiro emprego na cidade foi como servente na Escola de Comércio de São Carlos. Devido a sua extrema habilidade com a língua, logo conseguiu um emprego como redator do jornal "A Cidade". A disposição ao trabalho e o amor ao jornalismo levou-o ao jornal "Correio de São Carlos". A política da época estava vivendo um período tumultuado e a partir de suas impressões, começou a escrever artigos políticos. Jornalista com a única ideologia de verdade, chegou a ser correspondente de jornais da capital como a "Gazeta" e o "Estado de S. Paulo". A imprensa são-carlense contou com sua participação efetiva desde o final da década de 20. Nesta época atuou como revisor do jornal "A Cidade" e também como repórter e, redator  do "Correio de São Carlos". Foi ainda redator do jornal "Acista", órgão oficial da Ação Católica Diocesana e também colaborou no "O São Carlos", órgão oficial do Bispado.

Sempre muito bem informado, tornou-se uma fonte fidedigna de historiadores  como Ary Pinto das Neves e Octavio Carlos Damiano, e do jornal “O Estado de São Paulo”.

Em 1932 aceitou o convite para trabalhar na Prefeitura Municipal de São Carlos como funcionário público. Iniciou suas atividades como porteiro, chegando em pouco tempo a Diretor da Secretaria da Prefeitura Municipal, cargo que lhe dava o poder de ocupar o papel de Prefeito Municipal, durante a ausência do administrador efetivo.

No ano da Revolução, em meio à inquietação administrativa, chegou a ser demitido da Prefeitura, acusado injustamente de revolucionário e separatista. Perseverante e firme sempre com seus ideais de justiça, resistiu à difícil fase e depois da situação novamente estabelecida, foi readmitido ao cargo onde ficou até se aposentar em 1958. Nesta época até 1963, voltou às redações dos jornais "Correio de São Carlos" e "A Cidade".

CHEFE DO EXECUTIVO -Durante os governos discricionários da República de 30 a 45, nos quais os prefeitos municipais eram nomeados pelo Interventor Federal do Estado de São Paulo, sempre que vagava o referido cargo, João Neves Carneiro respondia pelo expediente até a posse do novo prefeito. Ocupou o cargo de janeiro de 47 até 31 de maio do mesmo ano, com o afastamento por licença e a exoneração do prefeito municipal Sabino de Abreu Camargo, entregando-o nesta data ao novo prefeito.

Em 1963, já aposentado do cargo de Diretor da Secretaria da Prefeitura Municipal, foi convidado a seguir contratado, para exercer o cargo de redator da Câmara Municipal, onde permaneceu até se retirar definitivamente em 1992. Com o livro “São Carlos na Revolução Paulista”, editado em 1973, obteve o 1o lugar no Concurso de Monografias sobre São Carlos, durante a Semana Municipal da Biblioteca Municipal.

Pelos seus serviços prestados à cidade a Câmara Municipal conferiu-lhe o Título de Cidadão Honorário de São Carlos, título que lhe foi entregue no dia 30 de setembro de 1977, em sessão solene da Entidade. João Neves Carneiro o "Carneirinho" como era carinhosamente chamado, faleceu no dia 29 de janeiro de 1999, aos 94 anos.

Em sua homenagem, uma via pública na Vila São José foi denominada Avenida João Neves Carneiro conforme a Lei Municipal No.14.660/08.